quarta-feira, 30 de maio de 2012

Quanto aos Outros


Se você acredita que possa alcançar a sublimação espiritual sem os outros, decerto ainda não chegou à verdade.
A vida foi criada, à feição de máquina complexa, em que as peças diferenciadas, entre si, guardam função específica.
Não fuja à engrenagem do seu grupo se deseja aperfeiçoar-se e progredir.
Os outros são as áreas destinadas à complementação e melhoria dos seus próprios reflexos.
Através deles, é que você se analisa para observar-se com segurança.
Não intente transformá-los, de imediato, porque qual ocorre conosco, são espíritos em evolução, caminhando entre dificuldades e sombras, para o conhecimento superior.
Não exija deles a perfeição que estamos ainda longe de possuir.
Esse nos ensina paciência, aquele a compreensão, aqele outro o imperativo da bondade, tanto quanto somos pessoalmente para cada um deles testes vivos nesses mesmos assuntos.
Acredite, sempre que os outros nos apareçam à maneira de problemas, somos para eles outros tantos problemas a resolver.
Diz você que precisa identificar-se com a vida e descobrir-se para fazer o melhor; entretanto, unicamente pelos outros é que você se encontra e se realiza para as conquistas supremas da felicidade e do amor.
XAVIER, Francisco Cândido. Respostas da Vida. Pelo Espírito André Luiz. IDEAL. Capítulo 9.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

PAZ


"Disse-lhes, pois, Jesus, outra vez: Paz seja convosco." - (JOÃO, capítulo 20, versículo 21.)
Muita gente inquieta, examinando o intercâmbio entre os novos discípulos do Evangelho e os desencarnados, interroga, ansiosamente, pelas possibilida des da colaboração espiritual, junto às atividades humanas.
Por que razão os emissários do invisível não proporcionam descobertas sensacionais ao mundo?
Por que não revelam os processos de cura das moléstias que desafiam a Ciência?
Como não evitam o doloroso choque entre as nações?
Tais investigadores, distanciados das noções de justiça, não compreendem que seria terrível furtar ao homem os elementos de trabalho, resgate e ele vação. Aborrecem-se, comumente, com as reiteradas e afetuosas recomendações de paz das comunicações do Além-Túmulo, porque ainda não se harmonizaram com o Cristo.
Vejamos o Mestre com os discípulos, quando voltava a confortá-los, do plano espiritual. Não lhe observamos na palavra qualquer recado torturante, não estabelece a menor expressão de sensacionalismo, não se adianta em conceitos de revelação supernatural.
Jesus demonstra-lhes a sobrevivência e deseja-lhes paz.
Será isso insuficiente para a alma sincera que procura a integração com a vida mais alta? Não envolverá, em si, grande responsabilidade o fato de reconhecerdes a continuação da existência, além da morte, na certeza de que haverá exame dos compromissos individuais?
Trabalhar e sofrer constituem processos lógicos do aperfeiçoamento e da ascensão. E que atendamos a esses imperativos da Lei, com bastante paz, é o desejo amoroso e puro de Jesus-Cristo.
Esforcemo-nos por entender semelhantes verdades, pois existem numerosos aprendizes aguardando os grandes sinais, como os preguiçosos que respiram à sombra, à espera do fogo-fátuo do menor esforço.
XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, Verdade e Vida. Pelo Espírito Emmanuel. 28.ed. Brasília: FEB, 2009. Capítulo 53.

sábado, 19 de maio de 2012

Aflições da alma



É natural, neste mundo, com suas necessidades e peculiaridades, que as preocupações com o nosso entorno consumam boa parte de nossas energias.
São os compromissos financeiros a serem pagos, as atividades profissionais a realizar, a educação própria e a dos filhos a se construir.
Enfim, são muitos e os mais variados os compromissos com o dia a dia do mundo.
Somados a esses, os que efetivamente fazem nosso compromisso para conosco mesmo, assumimos outros, que são trazidos pelo barco da ilusão, e consentimos seu atracar nas praias de nossas vidas.
Assim, permitimo-nos ocupar o tempo na luta inglória contra os anos, na ilusão do não envelhecimento, esquecidos de que cuidar do corpo se faz necessário, sendo supérfluos os exageros.
Na busca do bem-estar físico, do salário que nos permita a vida confortável, deixamo-nos levar pelo exagero da ganância, pelo excesso da cobiça, usando as horas para amealhar, juntar moedas, ter fortunas.
E, quando percebemos, toda nossa vida está voltada para as coisas puramente materiais. Vivemos todas as horas de nossos dias para o mundo exterior, e só para ele.
Deixamo-nos lentamente esquecer da alma que somos, do Espírito que habita um corpo e passamos a viver como se fôssemos um corpo somente, sem alma.
Como decorrência desse comportamento, as aflições da alma surgem avassaladoras.
Descuidada e quase sempre esquecida, ela adoece por abandono e descaso, logo surgindo as aflições como consequência.
Irrompem assim as distonias mentais, a depressão, a melancolia profunda, o desinteresse pela vida.
Muitos afirmam que isso tudo surge do nada, de repente, sem causa externa ou aparente que possa ser identificada.
Porém, as aflições que nos tomam a alma são apenas o resultado do longo período de descuido a que nos entregamos.
Carentes de valores e estruturas nobres para enfrentar os desafios do mundo moderno, aturdimo-nos e nos afligimos.
Como os momentos de reflexão, meditação, autoanálise não se fazem presentes e, ainda, o comportamento generoso, de solidariedade e gratidão à vida não se tornou hábito, a alma ressequida do investimento no amor, facilmente se perturba.
Desse modo, se a alma se apresenta aflita é porque clama mudanças em suas paragens íntimas.
Se a mente, reflexo da alma, perturba-se, é porque carece do investimento inadiável de valores nobres.
Portanto, antecipar-se aos momentos de desassossego, buscando evitá-los, através das atitudes nobres, do bom pensamento e da autoanálise, é atitude de sabedoria e maturidade perante a vida.
Como ensinava o doce Chico Xavier, "O Cristo não pediu muita coisa, não exigiu que as pessoas escalassem o Evereste ou fizessem grandes sacrifícios. Ele só pediu que nos amássemos uns aos outros.”
Precisamos desalojar o ódio, a inveja, o ciúme, a discórdia de nós mesmos, para que possamos chegar a uma solução em matéria de paz, de modo a sentirmos que os tempos são chegados para a felicidade humana.

Desejas sair da depressão, do desânimo? Olhe em volta e saia de si mesmo!
Quantos aguardam um concurso amigo, buscando uma esperança ...
Desejas paz em sua vida? Permita que seu coração se preencha de amor e distribua-o incondicionalmente!!!
Desejas saúde? Cultive a alegria, os bons hábitos e bons pensamentos ...

Ou seja, não há caminho para a paz; a paz é o caminho.
Não há caminho para o amor; o amor é o caminho.
Não há caminho para Deus; Deus é o caminho.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

A Chama da Alma



Havia um rei que apesar de ser muito rico, tinha a fama de ser um grande doador, desapegado de sua riqueza. De uma forma bastante estranha, quanto mais ele doava ao seu povo, auxiliando-o, mais os cofres do seu fabuloso palácio se enchiam.
Um dia, um sábio que estava passando por muitas dificuldades, procurou o rei. Ele queria descobrir qual era o segredo daquele monarca.
Como sábio, ele pensava e não conseguia entender como é que o rei, que não estudava as sagradas escrituras, nem levava uma vida de penitência e renúncia, ao contrário, vivia rodeado de luxo e riquezas, podia não se contaminar com tantas coisas materiais.
Afinal, ele, como sábio, havia renunciado a todos os bens da terra, vivia meditando e estudando e, contudo, se reconhecia com muitas dificuldades na alma. Sentia-se em tormenta. E o rei era virtuoso e amado por todos.
Ao chegar em frente ao rei, perguntou-lhe qual era o segredo de viver daquela forma, e ele lhe respondeu: “Acenda uma lamparina e passe por todas as dependências do palácio e você descobrirá qual é o meu segredo.”
Porém, há uma condição: se você deixar que a chama da lamparina se apague, cairá morto no mesmo instante.
O sábio pegou uma lamparina, acendeu e começou a visitar todas as salas do palácio. Duas horas depois voltou à presença do rei, que lhe perguntou: “Você conseguiu ver todas as minhas riquezas?”
O sábio, que ainda estava tremendo da experiência porque temia perder a vida, se a chama apagasse, respondeu: “Majestade, eu não vi absolutamente nada. Estava tão preocupado em manter acesa a chama da lamparina que só fui passando pelas salas, e não notei nada.”
Com o olhar cheio de misericórdia, o rei contou o seu segredo: “Pois é assim que eu vivo. Tenho toda minha atenção voltada para manter acesa a chama da minha alma que, embora tenha tantas riquezas, elas não me afetam.”
“Tenho a consciência de que sou eu que preciso iluminar meu mundo com minha presença e não o contrário.” 
O sábio representa na história as pessoas insatisfeitas, aquelas que dizem que nada lhes sai bem. Vivem irritadas e afirmam ter raiva da vida.
O rei representa as criaturas tranqüilas, ajustadas, confiantes. Criaturas que são candidatas ao triunfo nas atividades que se dedicam. São sempre agradáveis, sociáveis e estimuladoras.
Quando se tornam líderes, são criativas, dignas e enriquecedoras.
Deste último grupo saem os que promovem o desenvolvimento da sociedade, os gênios criadores e os grandes cultivadores da verdade. 
***
Com ligeiras variações, é o lar que responde pela felicidade ou a desgraça da criatura. É o lar que gera pessoas de bem ou os candidatos à perturbação.
É na infância que o espírito encarnado define a sua escala de valores que lhe orientará a vida.
Por tudo isto, o carinho, na infância, o amor e a ternura, ao lado do respeito que merece a criança, são fundamentais para a formação de homens saudáveis, ricos de beleza, de bondade, de amor que influenciam positivamente a sociedade onde vivem.
Em nossas mãos, na condição de pais, repousa a grande decisão: como desejamos que sejam os nossos filhos tranqüilos como o rei ou atormentados como o sábio.

Equipe de Redação do Momento Espírita

Virtude da gratidão

Francisco de Assis, o grande homem que se fez pequeno, em sua nobre humildade, para vivenciar o amor a Jesus, afirmou, certa feita, que a gratidão é das mais difíceis moedas de se ofertar na vida.
Por isso, o pobrezinho de Assis preocupava-se sempre em ser grato a tudo e a todos.
Agradecia ao irmão sol por aquecê-lo e proporcionar vida à Terra; ao irmão vento por acariciá-lo nos dias de calor; à irmã lua por enfeitar as noites de céu claro; ao irmão sofrimento, que lhe permitia reflexões e aprendizados sob o seu guante.
O exemplo de Francisco de Assis nos remete a profundas reflexões, nesses dias em que prepondera o egoísmo, com o que estamos vivendo, quando não agindo de igual forma.
Na irrefreada busca pelo sucesso, pela sobrevivência, pelos compromissos cotidianos, vivemos fechados em concha, envoltos nas próprias dificuldades, problemas e desafios.
Nesse tumultuar de compromissos, dificuldades, pouco paramos para perceber as coisas que a vida nos oferece e, egoisticamente, esquecemos de agradecer.
Os amores dos filhos que, aconchegados em nossos braços, parecem diluir as dores da alma, quem no-los ofertou?
A possibilidade do progresso profissional, os desafios de crescimento pessoal, as chances de desenvolvimento intelectual, quem nos oportunizou?
O corpo, que nos é instrumento de expressão, trabalho, convivência, emoções, quem no-lo deu?
Perguntemos a um doente com enfisema pulmonar, qual seu maior sonho e ele, certamente, responderá que seria poder respirar profunda e longamente.
E nós, mal nos damos conta da bênção da saúde. Ou do corpo que, mesmo com alguma avaria ou dificuldade, oferece oportunidades riquíssimas na vida.
Algumas vezes lembramos de agradecer à vida e ao Senhor da vida pelas nossas conquistas e alegrias.
Mas, por que não agradecer também pelo mal que não nos acometeu, pelas dificuldades que não ocorreram, pelas dores que não precisamos enfrentar?
E mesmo que os dias difíceis nos cheguem à jornada terrestre, agradeçamos a dor, que lapida a alma imperfeita, provocando o brotar de virtudes que ainda dormem latentes em nossa intimidade.
Ser grato à vida é virtude daqueles que conseguem sair do casulo do egoísmo e do autocentrismo, e reconhecem que a vida padece sem a ajuda e apoio que chegam a toda hora.
Para pregar Seu Evangelho de luz, Jesus escolheu doze homens para O auxiliar. E lhes foi grato, acompanhando-lhes a existência e recebendo-os em Suas bênçãos, um a um, no retorno à pátria espiritual.
Dessa forma, que sejamos nós também, a cada dia que se inicia, gratos à vida, com a mente e com o coração.
Assim, lembrando sempre de que somos devedores da bondade e misericórdia Celestes, que nos acompanham e sustentam-nos na caminhada, a gratidão será o sentimento que nos inundará a alma de peregrina e suave luz.



Redação do Momento Espírita, com base em palestra de
Divaldo Pereira Franco, proferida na
Praia do Forte, BA, em 16.09.2011.
Em 16.05.2012.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Que Comece Agora

Que comece agora.
E que seja permanente essa vontade de ir além daquilo que me espera.
E que eu espero também.
Uma vontade de ser.
Aquela, que nasceu comigo e que me arrasta até a borda pra ver as flores que deixei de rastro pelo caminho.
Que me dê cadência das atitudes na hora de agir.
Que eu saiba puxar lá do fundo do baú, o jeito de sorrir pros nãos da vida.
Que as perdas sejam medidas em milímetros e que todo ganho não possa ser medido por fita métrica nem contado em reais.
Que minha bolsa esteja cheia de papéis coloridos e desenhados à giz de cera pelo anjo que mora comigo.
Que as relações criadas sejam honestamente mantidas e seladas com abraços longos.
Que eu possa também abrir espaço pra cultivar a todo instante as sementes do bem e da felicidade de quem não importa quem seja ou do mal que tenha feito para mim.
Que a vida me ensine a amar cada vez mais, de um jeito mais leve.
Que o respeito comigo mesma seja sempre obedecido com a paz de quem está se encontrando e se conhecendo com um coração maior.
Um encontro com a vontade de paz e o desejo de viver


Caio Fernando Abreu

Cuidados de Deus


O hábito de reclamar é muito difundido.
Em toda parte, as criaturas reclamam.
Filhos em relação aos pais, cônjuges entre si, patrões e empregados, vizinhos, amigos e meros conhecidos.
Reclamões não faltam.
Já pessoas genuinamente gratas são um tanto raras.
Quem presta atenção no que falta costuma não notar o que tem.
Esse mau hábito é especialmente triste em se tratando da Divindade.
Porque Deus é o Senhor do Universo.
Dele procedem todas as bênçãos e oportunidades.
Ele cria todos os Espíritos e lhes viabiliza existências incontáveis a fim de que se aprimorem.
Cerca-os dos mais ternos cuidados.
Providencia-lhes corpos, vidas e amores.
Inclusive cuida de boicotar seus desatinos mais graves, para que não se compliquem em excesso.
Entretanto, curiosamente, os homens ainda se sentem no direito de reclamar do Eterno.
Imaginam ter direito a mais do que recebem.
Desejam tranquilidade, riqueza, poder, fama e beleza.
Contudo, nesse querer fantasioso, esquecem-se de notar e agradecer o muito que recebem.
Olvidam a bênção dos tempos de paz, nos quais podem perseguir seus sonhos.
Não valorizam a família na qual nasceram.
Os pais que lhes cercaram os primeiros passos de cuidados.
As escolas nas quais foram matriculados.
Os professores que os instruíram.
A saúde do corpo, a existência em um país pacífico, os amigos...
Acham natural possuir tantos tesouros.
Ocorre que nem todos podem desfrutar simultaneamente dos mesmos dons.
A vida na Terra constitui uma estação de aprendizado.
Nela, as experiências variam ao Infinito.
Há os que experienciam a saúde, enquanto outros vivem a enfermidade.
Os com facilidades materiais e os de vida mais modesta.
As posições se alternam no curso dos séculos.
O papel de cada homem é ser digno e fraterno na posição em que se encontra.
Utilizar os tesouros que recebeu da vida, a fim de crescer em talentos e virtudes.
E, especialmente, entender que o próximo é um irmão de caminhada.
Ele também deseja ser feliz e viver em paz.
É igualmente um filho de Deus.
Tendo isso em mente, urge repensar os próprios hábitos.
Identificar os inúmeros cuidados recebidos de Deus.
Ser grato por todos eles e cessar de reclamar por bobagens.
Quanto à gratidão, ela tem uma forma muito especial de se manifestar.
Consiste no amparo ao semelhante em estado de sofrimento ou abandono.
A bondade para com o próximo é uma forma de gratidão que o homem pode oferecer ao seu Criador.
Pense nisso.


Redação do Momento Espírita.
Em 14.05.2012.